5.8.10

Ela sai de casa e é um dia frio de inverno, está com seu sobretudo de lã marrom, acende um cigarro, mas depois de dois tragos ela olha para ele quase assustada e joga na calçada.
Está vestindo botas e meias grossas, seus pés estão sempre gelados.
Chega em uma farmácia, fecha os olhos e toma fôlego, entra e pede um teste para gravidez
-posso usar o banheiro?
Depois de fazer o teste, ali mesmo no banheiro da pequena farmácia do bairro, custa a querer ver o resultado, mas com outra tomada de fôlego olha e lá está... Positivo, a ficha não cai.
Ela sai do banheiro e pede ao farmacêutico outro teste, imersa em seu próprio mundo naquele momento, que girava de ponta cabeça, não chegou a perceber o olhar do farmacêutico arrogante por cima dos óculos que se equilibravam na ponta do nariz, pegou e voltou ao banheiro, e novamente positivo, e de repente ela se vê ali sentava numa privada branca e limpa, entre paredes brancas e limpas com o chão branco e estupidamente limpo. 
Ela volta para a rua e os olhose enchem de lágrimas, coloca de vagar suas luvas e senta no bar mais perto que acha, pede um café sem açúcar que não chega a tomar, o cheiro de comida velha do lugar a faz sair correndo para o banheiro e vomita, vai embora.

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